quinta-feira, 30 de julho de 2015

Leo, meu amor

Faz hoje trinta dias que te vi pela última vez. 
A tua pele estava fria, mas estavas lindo, meu amor. Estavas vestido com o babygrow que escolhemos, verde água. O gorrinho branco. Foi uma despedida carregada de dor, em que as pernas não tinham forças para andar e o chão nos engolia os passos. Foi uma despedida em que te enchi de lágrimas e de ranho, em que desejei que essas lágrimas que ferviam tivessem o poder de te trazer de volta à vida. Levaste as minhas lágrimas na tua roupa, no teu cabelo, nas tuas mãos. Finjo que elas te fizeram sentir menos só, que te aconchegaram de alguma maneira. Aquele bocadinho de mim. 
Não sabes, ninguém sabe, mas levaste também contigo tudo de mim, a minha alma e a minha essência. Ela agora está contigo. Espero que a sintas e que saibas que ela nunca larga a tua mão. Espero que onde vocês estão agora, tudo seja bonito. 
Quero que vivas agora naquela recordação que até agora foi só minha, e que agora também é tua. Naquele sítio bom para onde eu gosto de me levar quando preciso de me lembrar de coisas boas. Naquele final de tarde, em que eu era pequena e ía no banco de trás do carro a caminho de casa, depois de um dia inteiro de praia. Ía salgada, a ver o sol pela janela a rasgar entre os pinheiros e as casas, sentia o cheiro morno do amor e da paz, um sorriso descansado e grato. Os meus pais à frente. Chegávamos a casa e ía com a minha mãe ao jardim, ela comprava-me um rol e não havia nada mais perfeito do que aquilo. Isso, espero que vivas nessa recordação que é o espelho da meninice pura e inocente, ao som do sol que oferecia os seus últimos raios. 
Diz-me filho, diz-me que tens paz e tranquilidade. Diz-me que existes e que és feliz mesmo sem mim. Prometo que um dia seremos eternamente um do outro e que te vou compensar por estes dias intermináveis em que não nos podemos tocar. Vou proteger-te de todo o mal, vou aninhar-te nos meus braços e vou embalar-te para sempre. Serei o teu sol. Tu és o meu sol. Tento imaginar que sinto o teu calor, tento que leve esta dor que me toma conta do peito e me quer despedaçar por dentro.
Espero que saibas e que sintas que a mamã te ama, que sintas o meu abraço sem to poder dar, que te sintas protegido de alguma maneira. Porque é que fomos privados de toda uma vida juntos, meu amor? Porque é que nunca poderei ver a cor dos teus olhos?




4 comentários:

  1. Meu doce.... não há palavras...
    Como todos os dias desde esse dia, estás no meu coração...
    Muita paz e amor para vocês <3
    PS: o primo D manda beijinhos...

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  2. Sem palavras... mas com muito amor! <3

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  3. https://youtu.be/QyOok1myLjw <3 o meu coração está convosco.

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